terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Surpresa amor, cheguei!


Talvez, sim, talvez assim entendamos melhor o que essa ligação fez comigo. Tuas palavras entraram como um tufão e arrastaram o que eu havia conseguido prender. Meu coração. Veja, como você se sentiria com um cara contando que determinado momento olhou com outros olhos para uma mulher?

Não uma simples mulher, muito menos um cara, você era essa mulher e ele era o cara. Da maneira mais dolorosa chorei e pedi colo de mãe numa madrugada gélida e pálida, sem estrelas nem nuvens, assim como o céu, em meu coração constava um tom azul escuro e vazio. As lágrimas vinham não por tristeza como ele pensou, com tudo, pela dor em saber que era a escolhida.

Opções não faltavam, eram tão extensas que me perdia e pedia que eu fosse a agraciada por tal feito. Não uma mera escolha por um jogo com os dedos, como zerinho ou um. Meu peito ardia e se inflamava de dor, por ser a tal e não sabia como despejar isso. Como dor? É, as vezes dói saber que você mesmo sendo a mulher, não está junto por uma série de outros fatos que não se podem mudar.

E quanto mais ele contava que sentado, no ônibus, uma moça, cabelos médios, loiros e com um belo sorriso com a qual ele tinha se encantado passava a catraca e se sentava bancos a sua frente, eu chorava. Por segundos ele me viu, ouvi a descrição do que sempre o encantou em mim e ao invés de sorrir por isso, chorei. Como criança assustada, como uma menina que precisa do pai para dizer que ele é o homem da sua vida.

Mesmo com a revelação de que era eu quem ele assistia desfilar em seus olhos e que logo após reconhecer que não era quem estava lá ele sentira asco continuei a chorar. Dor, intensa. Ele não entendia, eu menos, mas doeu, feriu o último pedaço que ainda restava sem um corte. O ego. Sem qualquer explicação, chorava por dor de não estar, não estavamos no papel, no falar, porém estavamos no mais, no agir e no sentir.

Descobri em meio tantas lágrimas que não foi dor por não ser eu, mas sim, por ser. Completamente estranho. Totalmente incompreensível. Tomara que, um dia, quando sentado novamente você olhe para outras e, sem querer me imagine, instintivamente consiga olhar para fora da janela e se ao acaso, me ver passando, descer desse ônibus, vir ao meu encontro para fazer a maior surpresa de todas e dizer uma singela e pequena palavra: Voltei.

Um comentário:

Sérgio Cazu disse...

Oi Hellen,
Interessante como poucas palavras fazem uma diferença estrondosa nas pessoas.

Aquele abraço!

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