sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Não-amigos.


Sentados após a prova Amanda e Pablo conversavam e se fitavam. Ela sabia que não podia, havia uma barreira do não entre eles, era uma amizade tão diferente, eles conversavam por horas, escutavam seus problemas, suas reclamações, riam, choravam, se amavam.

Ele a sentia, mas não queria senti-la. E novamente entravam na conversa de um casal que era o que todos o consideravam. Os céus escureciam, era a chuva de fim de tarde chegando. Enquanto ele tentava explicar mais uma vez, como ele era paciente e compreensivo. Amanda era sagaz, entendia tudo, apenas se fazia de desentendida para ter sua atenção.

Pablo testava e confiava que ele poderia aproximar seus lábios dos dela que ela não faria nada. Grande engano, não sabia se era falta de coragem, medo de perdê-lo. Ela apenas queria colo.

- Você se sente insegura ou segura em meus braços?

- Insegura.

O apertava enquanto despontava uma lágrima insistente a querer cair

- Então deixe que eu lhe dou segurança e lhe protejo ok?

- Tá bom!

Ela sentia seu coração a vir entre os lábios e descer.

Ele a olhava com o mais puro e singelo olhar, com o mais doce toque de mãos, ela só sabia beijar-lhe os dedos, ela sentia seu coração pulsar, os dois formando uma música, uma valsa, algo suave e lento, forte e preciso.

Algo mais estaria por vir, o que seria, um beijo talvez? Já haviam se beijado, não era apenas aquilo, ela precisava trocar sua alma com alguém que talvez fosse a única pessoa merecedora de tal feito.

Porém a vergonha lhe conteve, abaixou a cabeça, os olhos, como uma criança indefesa não queria olhar para aquele que a considerava sua melhor amiga, com tudo em sua mente era a mulher da sua vida.

- Não vais mais olhar para mim?

- Tenho medo, vergonha, não quero me sentir assim por você.

- Não precisa, será que não sou digno que ver estes olhos tão lindos, cheios de ternura e amor?

- ...

Ele segurou-lhe o rosto e a encarou como se pudesse ver sua alma. Ela não se conteve, deu-lhe um beijo, ele não teve reação e só pode beijá-la de volta. Fora o mais perfeito de todos, singelo, inesperado, ingênuo, puro, improvável, sincero e delicado. Completamente inexplicável.

4 comentários:

Luiza Fritzen disse...

quando somos amigos de alguém, atravessar essa barreira é realmente um risco. obrigada por passar lá no blog, estou te seguindo também. beijos :)

Camila Paier disse...

Misturar amor e amizade pode dar errado também. Porém no texto, acredito que foi o contrário. É uma bela história, tem nexo, profusão.
Gostei daqui!
Beijoca

Mah Jardim disse...

Gostei da história. Tem quem diga que amizade entre homem e mulher não dá certo porque alguém sempre se apaixona. Parabéns pelo blog.

Raissa;* disse...

Muito bom aqui, você escreve historias muito boas, queria eu ter uma imaginação assim, só consigo escrever do que conheço, do que vivo..
Seguiindo *--*
beeijo ;*

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